Dia Internacional da Mulher

8 mulheres que mudaram a história da música sertaneja

O que elas têm em comum? Em algum momento tiveram que enfrentar o mundo e fizeram história na música sertaneja

“Esse lugar não é pra você”, “mulher de respeito não faz isso”, “trabalho? Você tem coragem de chamar isso de trabalho?”… Até pouco tempo era assim a vida das mulheres que tentavam seguir seu sonho na música. Convivendo diariamente com comentários deste tipo, muitas desistiram, mas algumas delas enfrentaram, fizeram história e mudaram o rumo da música sertaneja.

Se hoje vivemos um excelente momento com grandes nomes femininos brilhando no mercado, devemos reconhecer que a luta não foi fácil. Estufar o peito e bater na cara do machismo, do preconceito foi o que mais elas fizeram. E hoje, 8 de março, no dia em que é comemorado o Dia Internacional da Mulher, elas merecem toda a nossa homenagem.

É claro que essas não são as únicas que lutaram e lutam na música sertaneja. Mas é uma pequena amostra de pessoas que realmente mudaram a vida de tantas outras.

Confira lista que preparamos com 8 nomes (artistas ou duplas) que fizeram e fazem toda a diferença na história da música sertaneja.

1 – Inezita Barroso

Foto: Divulgação

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A cantora, atriz e pesquisadora Inezita Barroso é considerada a mais importante voz na defesa da música realmente popular e do folclore brasileiro.

Filha de uma família tradicional paulistana, Inezita nasceu em 1925 e teve uma educação na fazenda da família, no interior paulista, onde desenvolveu seu amor pelas tradições da cultura brasileira. Caso você não se recorde, é dela a autoria da música Marvada Pinga (ou Moda da Pinga, vídeo abaixo). Inezita foi incansável, lutadora e revolucionária, sendo a primeira mulher a gravar uma moda de viola.

Por mais de 30 anos, comandou o programa Viola, Minha Viola, na TV Cultura e foi uma das responsáveis por popularizar a cultura caipira, cultura que defendia com unhas e dentes. Morreu ativa e relevante, no dia 8 de março de 2015, no dia internacional da mulher, aos 90 anos de idade.

Inezita Barroso – Marvada Pinga – 19-02-1982

2 – As Galvão

Foto: Divulgação

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Mary e Marilene Galvão formam uma das principais duplas femininas de música raiz do Brasil. As Irmãs Galvão, como são nacionalmente conhecidas (nome original da dupla), quebraram muitas barreiras, venceram o preconceito e também abriram as portas do mundo da música sertaneja para outras mulheres. Elas iniciaram a carreira no final da década de 1940 quando ainda eram crianças.

Com mais de 300 músicas gravadas, As Galvão venceram, mas não esqueceram suas origens. Até hoje, Mary é quem toca sanfona e Marilene toca viola. As Galvão são a dupla sertaneja com mais tempo de atividade no país.

As Galvão no Estúdio Showlivre

3 – Roberta Miranda

Foto: Divulgação

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Conhecida como Rainha da Música Sertaneja, Maria Miranda, nome de batismo, nasceu em João Pessoa, na Paraíba, e aos oito anos se mudou com a família para tentar a sorte em São Paulo. Seus irmãos se tornaram professores, mas ela, concluído o curso colegial, pegava o violão e matava as aulas do cursinho. Queria ser cantora, apanhou e quase foi interna. Seus pais sonhavam que a única filha também fosse professora. Naquele tempo, violão, música e vida noturna não eram o ideal de uma família como a dela, que acabara de migrar. Acontece que Maria tinha um sonho e uma determinação.

Ela queria ser artista, compositora, cantora. Para isso, trabalhou arduamente por quatorze anos em bares e casas noturnas, enfrentando todo tipo de preconceito, machismo e “não”, e se tornou Roberta Miranda. Não pense que o caminho foi fácil, mas foi imprescindível para vivermos o atual momento do mercado sertanejo.

Roberta, é a primeira cantora a vender mais de um milhão e meio de discos no lançamento do primeiro disco. Entre seus maiores sucessos estão A Majestade O Sabiá, Pimenta Malagueta, Vá Com Deus e Sol da Minha Vida.

Como símbolo de força e homenagem de toda sua trajetória, Roberta Miranda grava hoje, 8 de março – Dia da Mulher, seu novo DVD com participações de outras grandes mulheres da música sertaneja: Maiara & Maraisa, Marília Mendonça, Simone & Simaria, Solange Almeida e Naiara Azevedo.

Composições de Roberta Miranda

4 – Rosa Marcondes

Foto: Divulgação

O amor pela música sertaneja, especialmente pela dupla Chitãozinho & Xororó, foi o grande responsável por mudar a vida e a carreira de Rosa Marcondes. Há cerca de 20 anos, Rosa largou o trabalho (contadora) para se dedicar à fotografia de shows sertanejos.

De lá para cá, Rosa Marcondes já acumulou mais de 900 mil fotos de quase todos os músicos sertanejos do Brasil, construindo um importante acervo. Rosa é importante figura dos bastidores da música sertaneja, já presenciou cenas raras e divertidas e o surgimento de diversas duplas e artistas sertanejos.

Por toda sua relevância, virou websérie na Vevo e se tornou presença quase que obrigatória nos camarins sertanejos. Rosa conta a história da música sertaneja através de seu olhar.

Prosa Sertaneja – Chitãozinho e Xororó

5 – Paula Fernandes

Foto: Divulgação

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Cantora, compositora e instrumentista, Paula Fernandes, nasceu em Sete Lagoas, em Minas Gerais. Começou a cantar ainda criança, aos oito anos e, aos 10, lançou o primeiro disco independente, Paula Fernandes.

Aos 12 anos, Paula Fernandes se mudou com a família para São Paulo e foi contratada por uma companhia de rodeios, com a qual trabalhou durante cinco anos, viajando por todo o Brasil como cantora da trupe. Neste mesmo ano, inspirada no sucesso da novela Ana Raio e Zé Trovão, Paula lança seu segundo CD, Ana Rayo. Paula então foi apresentada ao diretor Jayme Monjardim pelo produtor musical Marcus Viana, conhecido por criar trilhas sonoras de produções como as novelas Pantanal, O Clone e A Casa das Sete Mulheres. O contato resultou na gravação da música Ave Maria Natureza, uma versão da Ave Maria, de Schubert, bastante executada na trilha da novela América.

A entrada de Paula Fernandes nas novelas (leia-se: uma cantora sertaneja em uma novela da Rede Globo, eixo RJ-SP), em um momento que até então o Brasil estava, de certa forma, “adormecido para música sertaneja” (nos idos de 2005), abriu mais ainda os olhos da emissora (e do Brasil) para o gênero e as portas para grandes nomes da música sertaneja crescerem.

Em dezembro de 2006, Paula Fernandes lança o álbum Dust in the Wind, com músicas de seu repertório internacional, como Angel, de Sarah MacLachlan, The Boxer, de Paul Simon, além da versão da música Dust in the Wind, do Kansas, incluída na trilha sonora da novela Páginas da Vida (mais uma pra conta).

Em 2008, assina com a Universal Music e de lá para cá vieram os álbuns Pássaro de Fogo, Paula Fernandes Ao Vivo, Meus Encantos, Um Ser Amor, Encontros pelo caminho, Amanhecer e Amanhecer Ao Vivo.

Paula Fernandes é referência musical, principalmente no segmento sertanejo onde representa forte expressão feminina. Ao longo de sua trajetória, já vendeu mais de 4,5 milhões de cópias de CDs e DVDs, fez parcerias com grandes nomes da música internacional como Plácido Domingo, Juanes, Alejandro Sanz, Taylor Swift, Michael Bolton, Shania Twain, entre outros, tem em seu currículo turnês pela Europa, EUA e África, além de ter emplacado 14 músicas em trilhas sonoras de novela.

Paula Fernandes – Pássaro De Fogo

6 – Maiara e Maraisa

Foto: Divulgação

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Quem disse que seria fácil para Maiara e Maraisa?

Elas cantam desde os cinco anos de idade, já moraram em várias cidades diferentes para tentar a carreira na música. Naturais de São José dos Quatro Marcos, MT, viviam pela casa cantando Vamos construir de Chitãozinho & Xororó e Sandy e Júnior. Com isso acabaram despertado a atenção dos pais. Participaram de festivais e fanfarras em Araguaína, TO. Eram fãs de Leonardo e aos 11 anos, Maraisa começou a compor. Aos 14 a letra de Amar é mais surpreendeu a irmã Maiara impressionada com o conteúdo maduro. As gêmeas passaram ainda por Governador Valadares e Belo Horizonte, MG, e vieram as influências do pop e rock.

Em 2005 seus pais colocaram como opção de presente uma viagem para Disney ou a gravação de um CD em São Paulo. Não é difícil imaginar a resposta. Nesta época começaram a conhecer o preconceito de perto, era muito difícil receberem incentivos. Chegavam comentários de que dupla feminina não teria a menor chance e, por sugestão do produtor, adotaram o nome de “Geminis” e cantavam pop, o ritmo que mandava no mercado. Guardaram o desejo de cantar música sertaneja, até porque só ouviam que seria impossível. Mas como o impossível sempre é possível, por sugestão de Theodoro da dupla com Sampaio assumiram-se como dupla sertaneja Maiara & Maraisa e gravaram Peixe carimbado (veja vídeo abaixo).

Maiara e Maraisa – Peixe carimbado

Nessas idas e vindas conseguiram gravar o primeiro DVD da carreira ao vivo no dia 31 de março de 2015 em Goiânia, com um repertório escolhido a dedo, com participações pra lá de especiais como Jorge & Mateus, Cristiano Araújo, Bruno & Marrone e Marília Mendonça. Quando lançaram o primeiro DVD, saíram sucessos que se destacaram nacionalmente e viraram hits como a 10 % e Medo Bobo.

Maiara & Maraisa são um dos principais destaques do atual cenário da música sertaneja. Na internet não poderia ser diferente, elas já alcançaram marcas expressivas como superar 1 bilhão de visualizações e 2 milhões de inscritos no canal oficial do youtube. Além disso, a dupla foi um dos nomes mais procurados do ano de 2016, segundo o Google.

Tudo isso graças a autenticidade das irmãs e a mudança dos temas musicais. Maiara & Maraisa e a nossa próxima homenageada, Marília Mendonça passaram a cantar temas como traição, bebidas, separações, entre outros que também são vividos pelas congêneres, mas que até então, não eram cantados por elas. Tudo isso gerou grande identificação entre as mulheres, pode ser comprovados nos números de Maiara, Maraisa e Marília e gerou uma revolução na música sertaneja.

Maiara e Maraisa – Você Faz Falta Aqui

7 – Marília Mendonça

Foto: Divulgação

Foto: Divulgação

Nascida na cidade goiana de Cristianópolis em 1995, Marília Mendonça começou a se destacar como compositora ainda menor de idade. Aos 12 anos iniciou nas escritas com a canção Minha Herança, assinada por ela e pelo Frederico. Mesmo com pouca idade, ela coleciona grandes sucessos como compositora, entre eles, destacam-se: É Com Ela Que Eu Estou – na voz de Cristiano Araújo, Até você voltar e Cuida Bem Dela – sucessos de Henrique & Juliano.

Minha Herança – Marília Mendonça

Em 2015 Marília Mendonça (aos 20 anos de idade) gravou seu primeiro DVD, com direção musical de Eduardo Pepato e direção de vídeo de Fernando Trevisan, o Catatau. Quando lançou este trabalho, impressionou o Brasil, de lá saíram sucessos que foram destaques nacional, como Sentimento Louco e Infiel, esta última foi uma das músicas mais cantadas e tocadas do ano de 2016.

De lá pra cá muitas coisas mudaram, mas uma coisa não mudou: sua crescente como cantora. Seus sucessos se tornaram hits e estouraram em cadeia nacional. Marília Mendonça começou com uma média de 15 shows por mês, hoje faz cerca de 25 e é conhecida como “rainha da sofrência” por cantar todo tipo de dor (o amor, a traição, o arrependimento, a solidão, a raiva, a felicidade vivida por homens e mulheres).

Em números, nas redes sociais deixa pra trás muitas artistas internacionais, alcançando marcas como mais de 1 bilhão e 600 mil visualizações e quase 4 milhões de inscritos no canal oficial do youtube. Além de músicas em novelas e coletâneas de sucesso, multidões acompanhando a cantora nos shows em que se apresenta, tanto nos dela individual, como nos eventos Festeja e Festa das Patroas.

Marília Mendonça – Infiel – Vídeo Oficial do DVD

8 – Bruna Viola

Foto: Divulgação

Foto: Divulgação

Jovem cuiabana, nascida em 1993 e que aos 11 anos de idade, quando já ouvia os ídolos na música caipira Tião Carreiro e Inezita Barroso, empunhou a viola caipira, que hoje traz como sobrenome artístico.

Seu primeiro trabalho na gravadora Universal Music – o CD Sem Fronteiras (2015) já rendeu as músicas Se você voltar e Espero mais, que entraram na programação musical de várias rádios em todo o país, e teve ótima repercussão do público e da crítica especializada.

Exímia violeira, conquistou espaços importantes na mídia nacional. Bruna tem a arte de defender a cultura caipira e a moda de viola e em suas mãos o poder de mudar mais uma vez a história da música sertaneja.

Bruna Viola – Moda Da Pinga (Marvada Pinga)

Mulheres

Todas as portas abertas, todas as lutas vencidas, todos as pequenas oportunidades criadas e utilizadas pelos nomes citados na primeira parte desta publicação foram muito bem aproveitados e consolidados por outros nomes como Maiara, Maraisa, Marília, Naiara, Simone, Simaria, Day, Lara etc… Estes são a marca do atual momento de ascensão e fixação das mulheres na música sertaneja (que muitos insistem em chamar de “feminejo”) e estão ajudando a fazer história. O que virá pela frente? Vamos aguardar.

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