Entrevista # João Bosco & Vinícius

“A música sertaneja caiu na graça das pessoas. O fato de gostar não te remete a brega”

Revisitando a carreira, João Bosco & Vinícius homenageiam a música sertaneja

Chega o momento em que os artistas fazem um balanço de suas carreiras e revisitam lugares bons e conhecidos. No caso de João Bosco & Vinícius, essa visita às origens tem um sabor especialíssimo: João Bosco & Vinícius e seus ídolos – Estrada de Chão, novo trabalho, em que gravaram as músicas que moldaram suas carreiras, com a participação dos intérpretes originais.

Estrada de chão conta com participações de peso de artistas como Zezé di Camargo & Luciano, Chitãozinho & Xororó, Sérgio Reis, Bruno & Marrone, entre outros.

João Bosco & Vinícius conversaram com o Papo Sertanejo sobre o novo projeto, a experiência dos mais de 22 anos de carreira e o atual momento da música sertaneja. Confira o bate papo na entrevista abaixo.

Foto: Reprodução/Site JB&V

“Dependeu mais do dom que Deus deu pra gente, da vontade de querer vencer” João Bosco & Vinícius (Foto: Reprodução/Site JB&V)

Na estrada de vocês, como foi o primeiro contato de cada um com a música sertaneja? Vocês conseguem mencionar qual música despertou a paixão em vocês?

Várias músicas. Mas acho que dependeu mais do dom que Deus deu pra gente, da vontade de querer vencer. Seja qual for o trabalho, se ele for feito com carinho, amor e dedicação, você vai ter êxito.

O que fez despertar esse amor é uma somatória de fatores. Mas mais importante do que uma música, foi o gênero que nos chamou atenção desde pequenos. Sempre aprendemos a tocar música sertaneja.

O novo trabalho da dupla, Estrada de Chão, também pode ser considerado um tributo ou homenagem à carreira de vocês. Contem o que ficou de mais importante nesses anos de estrada, até mesmo antes da profissionalização e na busca por um lugar ao sol no mercado?

Os vários anos que fizemos de barzinho. Não tem escola melhor do que essa. A experiência que nós ganhamos na época foi importante demais.

O novo CD é diferente do que vemos hoje no mercado. Quem escuta consegue ouvir todos os instrumentos com muita perfeição e um áudio limpo. Quem acompanha os projetos anteriores da dupla percebe que essa é uma característica bastante semelhante entre eles. Como surgiu a ideia do CD Estrada de Chão? Quem pensou em convidar grandes nomes para participar?

Fizemos mais de 10 anos de shows em barzinho. E as músicas que a gente cantava eram de acordo com os pedidos que as pessoas faziam. Como o Mato Grosso do Sul sempre sofreu muita influência da música sertaneja, a gente sempre acabava cantando esse repertório de clássicos sertanejos.

Desde que a gente começou a gravar nossos discos, tínhamos o sonho de reunir esse time de ponta e gravar as músicas que a gente cantava nos bares.

Começamos o projeto há 3 anos. A realização de um sonho não tem prazo para terminar. Ele tinha que ficar à altura dos convidados. Foi feito com muito cuidado, acompanhado por mim e pelo João.

As primeiras pessoas com quem falamos foram Chitãozinho e o Xororó. Explicamos nossa ideia e que queríamos não só mostrar que éramos os percussores da música sertaneja universitária, mas que a gente também tinha uma bagagem dos modões, dos clássicos dos principais artistas.

Eles nos ajudaram em nosso sucesso, direta e indiretamente. Pagamos as nossas faculdades cantando o repertório deles. Queríamos o aval de alguém como eles e, quando conseguimos, sentimos que tudo seria do jeito que queríamos.

Eu vejo esse projeto como um grande divisor de águas na nossa carreira. Tenho certeza que isso vai ficar pros nossos filhos, pros nossos netos.

Foto: Divulgação

“Reunimos um time de produtores de ponta, com Cesar Augusto, Dudu Borges, Ed Junior. Em um projeto como esse, precisamos ser generosos e saber reconhecer o trabalho deles”, comenta a dupla (Foto: Divulgação)

Em relação a parte técnica, vocês participaram efetivamente do processo como um todo? Palpitaram, aconselharam, escolheram certos caminhos ou vocês deixaram predominantemente por conta da equipe?

Acompanhamos todas as gravações, as masterizações, mixagens e edições. Cuidamos de tudo.

Mas reunimos um time de produtores de ponta, com Cesar Augusto, Dudu Borges, Ed Junior. Em um projeto como esse, precisamos ser generosos e saber reconhecer o trabalho deles. A gente assina como direção geral, mas a produção toda foi deles, que são muito competentes.

Quais os planos para o CD? Já têm turnê com agenda de shows montada? As participações especiais do disco vão se repetir em alguns shows? Podemos esperar um DVD desse projeto?

Além das músicas que estamos inserindo aos poucos em nossos shows, estamos preparando um show especial para o disco.

A prioridade é fazer shows em teatros. Estamos criando um show próprio para esse tipo de público, com um perfil diferente, voltado pra MPB. Assim que tivermos a produção do show pronta, vamos tentar, sim, convidar alguns dos artistas para participar. Mas isso depende da agenda, claro.

A ideia é alcançar um público que não gosta tanto de baladas, de ir a shows grandes, de rodeio. Queremos atingir os fãs que gostam de assistir um show sentados, com mais tranquilidade.

Queremos começar essa turnê em setembro. Não tratamos como um projeto paralelo. É um projeto de carreira.

No Estrada de Chão, vocês reúnem o dream team da canção de campo brasileira. Vocês acham que existe uma diferença entre canção de campo da música sertaneja?

Não. O gênero sertanejo não se restringe a estilos. Música sertaneja é música sertaneja.

Foto: Reprodução/Youtube JB&V

“Nossa prioridade sempre foi gravar músicas de qualidade e com conteúdo positivo, que as pessoas vão se lembrar pelo resto da vida”, destacam. (Foto: Reprodução/Youtube JB&V)

Como vocês avaliam a música sertaneja no Brasil de hoje? Depois do boom do sertanejo e do sertanejo universitário, como vocês analisam o cenário atual?

A amizade, o companheirismo, a união, o fato de um estar sempre participando dos projetos de outro, de estar sempre ligado no que outros artistas estão fazendo, engrandece a música sertaneja.

Um fã escreveu uma coisa no nosso Facebook que eu gostei muito: “Renovar é reconhecer a importância de grandes músicas e sucessos do passado”. Isso só ajuda a gente e a música sertaneja a crescer.

A música sertaneja caiu na graça das pessoas. O fato de gostar não te remete a ser brega, a ser jeca. Acredito que, enquanto houver renovação dentro do gênero, ele vai ter sempre um caminho. A estrada foi muito bem construída. Temos muitos artistas que fazem um grande trabalho hoje em dia.

As músicas mais ouvidas no Brasil são sertanejas. É um gênero que vem sendo fortalecido a cada dia que passa. 2014 foi o melhor ano da música sertaneja, que vem crescendo e tomando espaço de outros gêneros, por conta das novidades, das renovações que vêm surgindo.

Confira no iTunes

A música Amiga Linda ficou em quinto lugar nas lista de músicas mais executadas nas rádios do País, de 1º a 17 de maio de 2015, de acordo com o ranking Spybat Sertanejo.  Vocês estão na quarta posição na lista dos artistas nacionais mais assistidos da Vevo Brasil, entre outros números. Depois de 22 anos de carreira, como vocês encaram o sucesso? Depois que você atinge um nível de sucesso, é difícil se manter isso?

Com certeza é difícil manter. Porque a partir do momento que você se torna conhecido, a cobrança em geral, tanto da mídia quanto dos fãs, passa a ser maior. E a gente tem que estar o tempo todo se superando. Por isso, nossa prioridade sempre foi gravar músicas de qualidade e com conteúdo positivo, que as pessoas vão se lembrar pelo resto da vida.

Os leitores do Papo Sertanejo estão sempre postando, em nossas mídias sociais, vídeos com interpretações de músicas famosas ou de músicas próprias. Que mensagem de incentivo a dupla João Bosco & Vinícius pode deixar para quem acompanha o Portal e também pra quem está iniciando a carreira?

Primeiro de tudo, música boa. Sorte, perseverança, dedicação e disciplina.

Confira a playlist sobre o Estrada de Chão

Gostou? Curta, comente, compartilhe!

Recomendado para você

Notícias recentes

Playlists